Setecidades Titulo Memória
Vão nascer as casas do IAPI. Ao lado de uma grande mata. Era o sítio do ‘seo’ Guilherme. Também chamado de Casa Grande. Brincadeiras. Festas. Plantações. Criações. Viaduto? Avenida? Qual o quê...

Os irmãos Gerson e Norival Gomes da Silva eram meninos naquela virada dos anos 1950 para 1960, e quantas histórias guardaram da futura Tamarutaca

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
25/05/2025 | 02:30
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“Mexer com minha infância e adolescência não custa muito e aí começo a escrever.

Dr. Gerson Gomes da Silva, advogado e memorialista.

Arame farpado e uma porteira

Texto: Gerson Gomes da Silva – Parte 1 (*)

Não recordo ter conhecido Josenilda Maria da Silva e Solange Dias de Araujo, ou professora Helena Maria Rezende, todas do MDDF (Movimento em Defesa dos Direitos dos Favelados), mas mantenho viva na memória os primórdios da favela Tamarutaca.

Na minha infância, eu e meu irmão Norival, mais os amigos de antanho, brincávamos na mata do ‘seo’ Guilherme. Conta-se que o ‘seo’ Guilherme trabalhava na construção dos prédios e casas do IAPI e aquele instituto cedia para ele e sua família, para sua moradia, uma espaçosa casa que, a princípio, era simplesmente a casa do ‘seo’ Guilherme, também conhecida por Sítio da Casa Grande.

A família do ‘seo’ Guilherme – Guilherme Ferrari – e sua esposa Rosa Pereira Ferrari trouxeram quatro filhos, Lourdes Ferrari, Maria José João Ferrari, João Maria Ferrari e um que faleceu.

O ‘seo’ Guilherme faleceu em meados da década de 1970. Pouco tempo depois a dona Rosa saiu da casa e foi morar na Vila Scarpelli com seu filho João.

A neta Márcia conta com saudades que, na sua infância, participava de brincadeiras, almoços e festas na Casa Grande. Lembra de gloriosas festas juninas. Conta, a Márcia, casada com meu sobrinho Giancarlo, que a avó Rosa costumava matar porcos e aves para o consumo da família e que também negociava com interessados.

O sítio do ‘seo’ Guilherme possuía muitas árvores frutíferas e grande plantação de cana caiana. A propriedade era cercada com arame farpado, tendo plantado em toda sua extensão a agave (ou pita), com uma porteira de duas folhas. A densa mata que a rodeava era aberta, sem cerca, onde brincávamos.

Para se chegar a essa porteira o caminho era uma ruela tortuosa que saia, considerando hoje, do início do Viaduto Engenheiro Luiz Meira, sobre a Avenida Prestes Maia.

Esse é apenas um preâmbulo da nossa história. Com a ajuda do Norival, lembramos muito mais.

IMAGEM – A foto que ilustra Memória hoje foi publicada na revista e vídeo lançados pelo MDDF ((Movimento de Defesa dos Direitos dos Moradores em Núcleos Habitacionais de Santo André)) em 13 de dezembro de 2024, no SESC Santo André. 

Imagem atribuída a Dejair Ferreira, publicada originariamente no facebook “Fotos Antigas de Santo André”, em 2015.

AMANHÃ EM MEMÓRIA

1961. Nasce uma horta

Um poço é furado.

Uma segunda horta

Uma terceira

Os fregueses do IAPI

(*) Gerson Gomes da Silva, andreense, advogado com atuação destacada na 39ª Subseção, em São Bernardo. Memorialista. Colabora com esta página Memória desde os primórdios, ando a fazer parte do GIPEM (Grupo Independente de Pesquisadores da Memória do Grande ABC.

Crédito da foto 1 – MDDF (divulgação)

MEMÓRIA EM CONSTRUÇÃO. Sítio Casa Grande, com a casa de Guilherme Ferrari e Rosa Pereira Ferrari: cenário antecede a Comunidade Tamarutaca

Crédito da foto 2 – Acervo: Previdência Social; pesquisa: Cíntia Pessolato

MEMÓRIA CONSOLIDADA. Vista aérea do conjunto habitacional do IAPI, na Vila Guiomar: obra teve a participação de operários como o ‘seo’ Guilherme 

DIÁRIO HÁ MEIO SÉCULO

Domingo, 25 de maio de 1975 – Edição 2756

MANCHETE – São Caetano sem meios de manter crescimento.

Há meio século, a cidade vivia momentos difíceis, como descritos nesta matéria:

São Caetano era considerada uma cidade dormitório. Estava à beira da estagnação do seu crescimento. Não existiam mais condições de continuar se expandindo horizontalmente.

O próprio crescimento vertical era duvidoso. As primeiras iniciativas de substituição das casas térreas por edifícios de apartamentos não deram muito resultado.

São Caetano tinha 200 apartamentos prontos para vender. As imobiliárias se queixavam: não conseguiam alcançar a conciliação entre as exigências de renda familiar para os candidatos a comprador e a realidade do custo de vida.

Concluía a reportagem:

Por isso, São Caetano era considerada, meio século atrás, a cidade mais estável do Grande ABC.

EM 25 DE MAIO DE...

1905 – Nomeada a professora Estephania Braga Correia, como substituta, para a escola do Alto da Serra (Paranapiacaba), em São Bernardo.

Madrid, 18 – O rei Afonso inaugurou o Aero-Clube.

1955 – Completava 55 anos de atividade na Light o engenheiro e professor Edgard Egydio de Souza. Teve papel predominante na idealização e construção do sistema de energia e abastecimento de água para São Paulo, incluindo-se o sistema Billings. 

Edgard de Souza faleceu em 1956, aos 80 anos. Seu nome é dado à Usina Hidrelétrica Edgard de Souza, em Santana de Parnaíba, a primeira usina do gênero a abastecer a cidade de São Paulo. 

HOJE

Dia do Trabalhador Rural

Dia da Indústria e do Industrial

Dia da Costureira

Dia do Massagista

Dia Nacional da Adoção.

MUNICÍPIOS BRASILEIROS

Quatro cidades aniversariam em 25 de maio: Camamu e Canavieiras, na Bahia; Catarina, no Ceará; e Catolé do Rocha, na Paraíba.

6º Domingo da Páscoa

25 de maio

“Deixo-vos a paz, eu vos dou a minha paz”.

João: 14,23-29

Ilustração: Milícia da Imaculada

Arte: Paulo César Nunes

SANTO DO DIA - Gregório VII. Nasceu na Toscana em 1028. Chamava-se Hildebrando. Foi papa. Morreu no exílio no ano 1085.




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