A Secretaria de Saúde de São Bernardo, comandada por Jean Gorinchteyn, deu início nesta quinta-feira (29) a projeto focado na saúde mental dos trabalhadores que atuam na linha de frente das unidades de saúde do município. A psiquiatra e professora doutora da Faculdade de Ciências Medicas da Unicamp, Karina Diniz Oliveira, ministrou a palestra "Manejo de Situações de Conflito: Qual o Papel das Equipes de Saúde?" para gestores dos equipamentos do setor, a fim de que se tornem multiplicadores da formação. O evento ocorreu no Hospital de Clínicas.

A ação, segundo Gorinchteyn, traz um olhar diferenciado para as pessoas que cuidam de outras. “Precisamos cuidar da gente, porque somos nós que cuidamos dos outros, nas nossas casas e no nosso trabalho. Lidamos com pessoas no momento muito sensível, de dor, de sofrimento. No momento que muitas dessas pessoas não foram respeitadas nas suas jornadas. Que aram em três, quatro, em cinco serviços ou naquele mesmo e retornam com o mesmo problema. Porém, vocês (colaboradores) se dedicaram e se dedicam ao máximo sem a possibilidade de reclamar, inclusive, da ausência de funcionários. Não é fácil e, exatamente por não ser fácil, que precisamos parar e conversar”, disse o secretário na abertura do evento ao auditório repleto de gestores. 

Ao Diário, o secretário afirmou que o episódio que ocorreu no Hospital de Urgência em que um segurança agrediu um paciente mostrou o quão deficitários estavam a escuta, bem como o cuidado com a saúde emocional e psicológica dos profissionais da saúde. Segundo Gorinchteyn, a saúde mental no município estava literalmente abandonada, tanto em relação à população, quanto aos funcionários. 

“Então, precisamos ouvi-los (os pacientes), mas  também temos as nossas demandas, as nossas histórias, e somos obrigados a deixar todos  nossos problemas lá fora e trancados (durante o trabalho). O que aconteceu na última semana foi um chute, não só naquele paciente, mas em cada um de nós que aguenta, que engole, que encara e diz: ‘meu Deus, me dê luz, não me dê força, porque nós precisamos vencer”, pontuou. 

O secretário afirmou que a ação desta quinta-feira será estendida a todos os equipamentos de saúde do município, como forma de prevenção a conflitos como o ocorrido no Hospital de Urgência, mas também para acolher os profissionais que ficam expostos a situações de estresse emocional e psicológico. 

“O que aconteceu na semana ada nos expôs sobremaneira, com uma sensação de que ‘nós erramos’. E nós erramos por quê? Porque ali existiram duas situações e duas pessoas em crise. Uma na sua condição de acidentado e embriagado, e a outra de um profissional que também deveria estar exausto com problemas pessoais que só ele sabe e culminou naquela situação. Porém, a conjunção disso tudo poderia ter acabado em coisas muito piores. Então, precisamos nos antecipar”, destacou.

Confira e entrevista completa em breve nos canais digitais do Diário. 

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