Setecidades Titulo Imunização
Grande ABC não deve ampliar faixa etária para vacina da dengue

Ministério da Saúde recomendou ampliação do público-alvo para cidades com doses próximas ao vencimento; Grande ABC aplicou 46.993

Thainá Lana
20/02/2025 | 19:15
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/DGABC


Os municípios do Grande ABC não vão ampliar a faixa-etária para a vacinação contra a dengue. Na semana ada, o Ministério da Saúde recomendou a ampliação do público-alvo para cidades com doses próximas ao vencimento com objetivo de garantir que todos os imunizantes adquiridos cheguem à população. Na região, nenhum dos lotes recebidos pelas prefeituras estão próximos do prazo de validade de 90 dias, segundo informaram as secretarias, com exceção de Mauá, que não respondeu.

De acordo com a Pasta de saúde, as doses que estiverem a dois meses de vencer poderão ser aplicadas em pessoas de 6 a 16 anos ou remanejadas para cidades que ainda não fizeram a vacinação. Já os fármacos que estiverem a um mês do vencimento poderão ser ministrados em pessoas que tenham entre 4 anos e 59 anos, 11 meses e 29 dias.

A imunização contra a dengue na região começou a ser aplicada em junho de 2024, três meses depois do início da vacinação em alguns estados. Devido à capacidade limitada dos lotes, o Ministério da Saúde definiu critérios para distribuição, que iniciou em janeiro, e contemplou apenas alguns municípios. 

Em 2024, o ministério enviou 6,5 milhões de doses aos estados e municípios, mas apenas 3,8 milhões foram aplicadas. “A situação é ainda mais preocupante entre os adolescentes, cerca 1,3 milhão não retornaram para a segunda dose, comprometendo a eficácia da imunização”, destacou o órgão.

LEIA TAMBÉM: Governo decreta emergência para dengue em todo Estado

Grande ABC não deve decretar emergência para dengue

No Grande ABC, 46.993 doses da vacina contra dengue foram aplicadas no público infantil, de 10 a 14 anos, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Em Santo André, São Bernardo e Ribeirão Pires, a média da cobertura vacinal da primeira dose não a de 20%, enquanto a segunda está em torno de 10%, somando os dados dos três municípios. 

A infectologista Jessica Fernandes Ramos explica que a baixa adesão à imunização é multifatorial, sendo a idade do público-alvo, como um dos principais motivos. “Temos uma faixa-etária muito estreita, que normalmente não é bem acompanhada nos serviços de saúde, como as crianças de até 6 anos, mulheres e idosos que têm consultas regulares de acompanhamento. São jovens que estão na escola e dependem de outras pessoas para levá-las até o local de vacinação, sendo que esses responsáveis normalmente trabalham no horário que as unidades estão abertas. Por isso é importante investir em outras estratégias para atrair o público, como campanhas na escola e aos fins de semana”, destacou a médica.

Já o infectologista e professor de Medicina da Universidade São Judas, Evaldo Stanislau, disse que a baixa cobertura vacinal na região reflete o contexto do Brasil e do Mundo com o movimento antivacina. “Tivemos um retrocesso muito grande nas adesões às políticas nacionais por conta de informações falsas. Isso continua acontecendo também com a vacina da dengue, a principal causa é o receio infundado induzido por dados incorretos”, pontuou Stanislau.

Os dois especialistas ressaltam ainda que outro fator que deve ser considerado é a aplicação da vacina em duas doses. Segundo os médicos, historicamente, quando a imunização, ou até mesmo o tratamento, ocorre em duas etapas, a adesão da população é menor. 

OCORRÊNCIAS

Os sete municípios contabilizaram até ontem 371 casos confirmados, e 974 ocorrências estão sendo investigadas. O Grande ABC não registrou óbito por dengue neste ano, mas uma morte suspeita, em São Bernardo, está em apuração pelo Estado. Em São Paulo, foram registradas 130.127 notificações de dengue e 119 mortes. 

Apesar dos casos confirmados, comuns para época do ano, a região não deve decretar situação de emergência em saúde pública para dengue, assim como anunciou o Estado na quarta-feira (19). Segundo as prefeituras, a situação epidemiológica nos municípios está controlada, em comparação com fevereiro do ano ado, e por isso a adoção da medida não se justifica na região.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;