Nacional Titulo Censo Demográfico 2022
IBGE: Católicos caem, evangélicos e sem religião crescem no Brasil

Entre 2010 e 2022, a proporção de católicos caiu de 65,1% para 56,7% da população com 10 anos ou mais, o equivalente a uma redução de 8,4 pontos percentuais

Natasha Werneck
07/06/2025 | 12:33
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FOTO: Unsplash


O Brasil vive uma transformação silenciosa em seu perfil religioso. Dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, mostram que o catolicismo segue em queda, enquanto evangélicos e pessoas sem religião avançam em todas as regiões do país. A pesquisa aponta mudanças relevantes por faixa etária, região, escolaridade e raça.

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Entre 2010 e 2022, a proporção de católicos caiu de 65,1% para 56,7% da população com 10 anos ou mais, o equivalente a uma redução de 8,4 pontos percentuais. No sentido oposto, os evangélicos aram de 21,6% para 26,9% no mesmo período, e os sem religião, de 7,9% para 9,3%.

Essa tendência de diversificação religiosa é especialmente visível entre os mais jovens. Entre os brasileiros de 10 a 14 anos, 52% se identificam como católicos, enquanto 31,6% são evangélicos e 12,5% se dizem sem religião. Já entre os que têm 80 anos ou mais, 72% ainda seguem o catolicismo. O grupo sem religião tem sua maior proporção entre pessoas de 20 a 24 anos (14,3%).

As religiões de matriz africana também cresceram: umbanda e candomblé aram de 0,3% para 1,0% da população. Já o espiritismo teve leve queda, de 2,2% para 1,8%.

Regionalização da fé 327220

O catolicismo ainda lidera em todas as grandes regiões, com maior presença no Nordeste (63,9%) e no Sul (62,4%). Os evangélicos são mais numerosos no Norte (36,8%) e Centro-Oeste (31,4%). O Sudeste reúne a maior proporção de pessoas sem religião (10,5%) e de espíritas (2,7%).

Alguns estados ilustram extremos. O Piauí tem a maior proporção de católicos (77,4%) e a menor de evangélicos (15,6%). Já Acre e Roraima dividem o menor percentual de católicos (38,9%). O Acre, inclusive, lidera em evangélicos (44,4%), enquanto Roraima tem o maior número de pessoas sem religião (16,9%).

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Religião, escolaridade e desigualdades 1f1h5g

O Censo também revela relações entre religiosidade e escolaridade. Os espíritas apresentam o maior nível de instrução: 48% têm ensino superior completo e apenas 1% são analfabetos. Já os católicos possuem 38% com até o ensino fundamental incompleto e 18% com curso superior. As tradições indígenas reúnem o maior percentual de pessoas sem instrução: 53,6%, e taxa de analfabetismo de 24,6%.

Entre os evangélicos, 35,2% têm ensino médio ou superior incompleto, e 34,9% não completaram o fundamental. A maior taxa de analfabetismo entre católicos (7,8%) se explica, segundo os técnicos do IBGE, pelo perfil mais envelhecido desse grupo.

Religião e cor ou raça 224v6n

Entre os brancos, 60,2% são católicos, 23,5% evangélicos e 8,4% sem religião. Já entre os indígenas, os evangélicos são maioria (32,2%). Pessoas de cor ou raça amarela apresentam as maiores proporções de espíritas (3,2%), adeptos de outras religiões (13,6%) e sem religião (16,2%).

A maioria dos espíritas é branca (63,8%). Entre os evangélicos, 49,1% são pardos. No caso dos umbandistas e candomblecistas, há equilíbrio entre brancos (42,7%) e pardos (26,3%). Já entre os praticantes de religiões indígenas, 74,5% são de cor ou raça indígena.

Retrato inédito das crenças indígenas 4p3b49

Pela primeira vez, o IBGE adaptou a pergunta sobre religião nas terras e agrupamentos indígenas, permitindo registrar não apenas confissões religiosas, mas também rituais e crenças tradicionais. A pergunta foi formulada como: “Qual a sua crença, ritual indígena ou religião?”, e os resultados preliminares mostram que essas manifestações representam 0,1% da população.

Essas informações serão detalhadas no segundo semestre de 2025, com a divulgação definitiva dos dados da amostra referente aos povos indígenas.

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Diversidade religiosa em alta r1r5q

A analista do IBGE Maria Goreth Santos lembra que, em 1872, primeiro ano com recenseamento religioso no país, só era possível declarar-se como “cathólico” ou “acathólico”, e que toda a população escravizada era automaticamente registrada como católica. “Em 150 anos, o país se transformou profundamente”, afirmou.

Com mais diversidade, novos grupos religiosos, aumento da liberdade de crença e um retrato mais detalhado de quem são os brasileiros em sua fé (ou ausência dela), o Censo 2022 reforça que a pluralidade religiosa está consolidada — e em plena expansão.




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