Economia Titulo Agropecuária
Brasil livre da aftosa: avanço histórico sob ameaça, alerta sindicato

Reconhecimento internacional amplia mercado de carnes, mas tentativa de privatização da inspeção preocupa auditores fiscais

Natasha Werneck
30/05/2025 | 15:31
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FOTO: Agência Brasil


O Brasil conquistou oficialmente o status de país livre da febre aftosa sem vacinação, anunciado na 92ª Assembleia Geral da OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), em Paris. A medida representa uma virada histórica para a agropecuária nacional, com potencial para abrir portas em mercados exigentes e aumentar as exportações de carne bovina. Mas nem tudo é comemoração.

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Para o Anffa Sindical (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários), a nova fase exige reforço — e não desmonte — da estrutura de defesa sanitária. A entidade critica a proposta do governo federal que pode permitir a contratação, por frigoríficos, de veterinários para realizar inspeções sanitárias que hoje são feitas exclusivamente por servidores públicos.

“O reconhecimento internacional é fruto do trabalho técnico de auditores que atuam com independência. Colocar a inspeção na mão das empresas fiscalizadas representa um risco à saúde pública e à credibilidade da carne brasileira no exterior”, alerta Janus Pablo Macedo, presidente do sindicato.

O plano faz parte da regulamentação da Lei do Autocontrole (14.515/2022), que está em consulta pública. A proposta prevê que os veterinários responsáveis pelas análises de animais antes e depois do abate (ante e post mortem) possam ser contratados diretamente pelos frigoríficos — o que, segundo o sindicato, configura conflito de interesse.

A febre aftosa, altamente contagiosa entre bovinos e outros animais de casco fendido, não é registrada no Brasil desde 2006. Agora, com a retirada da vacinação, mais de 244 milhões de animais deixarão de receber a dose, o que deve gerar uma economia de R$ 500 milhões por ano ao setor.

O Anffa Sindical já acionou o Ministério Público Federal pedindo a suspensão da proposta. Para os auditores, o Brasil não pode arriscar a confiança construída com décadas de vigilância, justamente no momento em que ganha protagonismo global na pecuária.




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