No mês que celebra Dia do Trabalhador, lançamento exalta história de quem ergueu reservatório
Um ano de pesquisa intensa em textos, jornais e teses compõe hoje a base da nova obra literária do cineasta Diaulas Ulysses, de São Bernardo. Nomeado Os Trabalhadores da Construção da Represa Billings, o lançamento visa “contar os bastidores de uma construção faraônica no meio da Mata Atlântica”.
Este é o terceiro livro do profissional, pesquisador de Cinema. A curiosidade o levou à ideia da não-ficção, quando cruzou entre as leituras com o texto do ambientalista José Contreras Filho, Billings a água que falta – História do reservatório Billings e as bacias hidrográficas do ABC.
De acordo com Ulysses, a obra seria inicialmente um longa-metragem. “O que me encantou foi uma agem em que ele (Contreras) descreve que mais de 6.000 trabalhadores e trabalhadoras construíram um dos maiores reservatórios artificiais de água do mundo”, relata.
Tal dimensão, para ele, se tornou uma mensagem de urgência. “Imaginei a memória de trabalhadores que, no ambiente inóspito à época, em uma labuta diária, enfrentavam doenças e animais perigosos, por exemplo. Ninguém dá valor humano a esta parte da história, então achei importante não deixar esquecida às próximas gerações este capítulo. A Billings abastece muitas pessoas e tem um impacto significativo na região”, destaca o cineasta.
Para ele, a construção do longa se tornou também uma forma de “fortalecer o futuro”. “O Brasil pouco tem memória, ninguém quer contar o ado. Vemos a ignorância latente, por meio de políticos e pessoas que, por exemplo, negam fatos e assim fazem mau ao povo. Então, todo livro e filme é, sim, resultado de combate a isso”, defende.
PRODUÇÃO
As 206 páginas foram contempladas em edital pela Lei Paulo Gustavo e lançadas na Biblioteca Monteiro Lobato, na última semana. “O recurso, disponível pelo lançamento de vários editais de São Bernardo, ajuda a enfrentar essa dureza de falta de recursos e a possibilidade de me sentir útil para a região”, destacou.
Um dos destaques da produção é o prefácio assinado pelo memorialista e jornalista do Diário, Ademir Medici. “Quando eu lia as páginas de memória do jornal, ele se tornou uma lenda para mim. Foi em um Congresso de História do Grande ABC que o vi pela primeira vez. Trocamos informações neste meio tempo e até hoje fico irado com a bagagem genial dele, que compartilhou humildemente também ao participar do livro”, conta Ulysses, em contextualização ao convite feito e aceito.
Para ele, um dos ganhos da participação do memorialista no conteúdo está a menção, inclusive, do Cemitério dos Polacos, que teve de ser desativado, fazendo com que os corpos tirados, hoje, estejam enterrados em outro local: debaixo d’água da represa.
O material publicado pela Editora Difilme Digital também conta com apoio da produtora Alcilene Evangelista. “Buscamos ir aos locais do espólio da antiga empresa de energia Light, já que o sistema Rio Grande foi criado inicialmente para abastecer uma usina hidrelétrica. Lá, pudemos ter contato com os primeiros textos da construção da represa e fiquei realmente impactado pelas fotos. Era o sinal de que estávamos no caminho certo”, detalha.
Segundo o autor, para viabilizar o projeto, o desafio que “sempre foi e será é encontrar a disponibilidade de materiais íveis”. Dados, textos em inglês e “o quebra-cabeça das histórias dos engenheiros” completaram as lacunas em aberto, de acordo com ele. <EM>
O próximo o é lançar, em breve, um longa-metragem ficcional, mas que conversará com a temática. Para personalizar ainda mais o projeto, a ideia é montar um elenco com atores e atrizes da região.
PARA PRESTIGIAR
O exemplar custa R$ 35. Para encomendas, o Instagram de contato é @diaulasullysses.
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