Centros de Atenção Psicossocial oferecem acompanhamento terapêutico individualizado necessário para quem tem transtorno
Amanhã é celebrado o Dia Mundial da Pessoa com Esquizofrenia, deficiência que muitas vezes a despercebida, mas é julgada e discriminada.
A esquizofrenia é caracterizada como um transtorno mental, segundo a psicológa especialista em análise de comportamento de São Bernardo, Thainara Morales. “É grave e crônico, afetando o modo como a pessoa sente, pensa e se comporta”, destaca a profissional sobre a condição que ainda não apresenta causas exatas, sendo atribuída principalmente a uma somatória de fatores genéticos, neuroquímicos e ambientais.
Segundo ela, que também é fundadora da cliníca Arte Psico na cidade, os atendimentos de esquizofrenia requerem cada vez mais olhares especializados e diversos. “Isso envolve não mais só psiquiatra, como muitos pensam, mas também psicólogos e terapeutas”, ressalta.
A necessidade, de acordo com Thainara, hoje se dá principalmente pelos sintomas dos pacientes enquadrados no caso. “Os impactos mais comuns envolvem delírios (acreditar em coisas que não são reais), alucinações (como ouvir vozes)”, revela ela, atribuindo aos casos um constante “retraimento social e dificuldades emocionais”.
Já a negligência no tratamento, de acordo com a psiquiatra Livia Restani, pode tornar a condição irreversível. “Na esquizofrenia há uma neuroprogressão. Quanto mais surtos uma pessoa tem, mais difícil fica controlar os sintomas e lidar com as consequências cognitivas. Isso é extremamente tóxico ao cérebro”, explica.
Para a especialista, o risco da falta de acompanhamento especializado e constante ainda pode levar a casos de suicídio, distanciamento familiar e abandono profissional. Entretanto, conforme destacado por Thainara, “por meio do acompanhamento terapêutico, é possível adquirir autonomia para as atividades da vida diária”.
O CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) desempenham um papel crucial no tratamento e cuidado de pessoas com esquizofrenia, oferecendo um ambiente terapêutico e de e que promove a reintegração social e a melhoria da qualidade de vida, por meio do Sistema Único de Saúde.
LUTA
De acordo com o Doutor Honoris Causa em Direito de Pessoas com Deficiência, Elvis Presley Guarani, morador de Mauá, “o preconceito é criado pela sociedade e disseminado pela mídia, que nunca mostra pessoas com esquizofrenia que venceram na vida. Sempre somos retratados para a sociedade como perigosos, loucos e isso não é verdade. Não é a deficiência que faz alguém ser perigoso, é como ela foi criada. Se ela cresceu em um lar violento, ela vai se tornar violenta, mas a deficiência não faz ninguém perigoso”.
Elvis relatou que diversas vezes omitiu sua condição para conseguir trabalho, mas quando as pessoas percebiam que ele tinha a deficiência, era demitido.
“Eu quero trabalhar, mas o mercado não me aceita, sou discriminado. Sempre gostei de estudar e meus melhores amigos são pessoas com esquizofrenia, autismo, deficiência auditiva, deficiência visual”, afirma.
Colaborou Lays Bento.
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