Cultura & Lazer Titulo Vila de Paranapiacaba
Em Santo André, conscientização e fotografia integram arinhada

O evento vai reunir mais de 300 apreciadores da natureza, biólogos e fotógrafos em prol de um único objetivo

Lays Bento
22/05/2025 | 09:13
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FOTO: Lays Bento | DGABC


A Vila de Paranapiacaba, em Santo André, será palco neste sábado (24) da 64ª arinhada. O evento vai reunir mais de 300 apreciadores da natureza, biólogos e fotógrafos em prol de um único objetivo: a conservação, ao registrar, com fotografias, a riqueza de aves, outros animais e plantas na área. 

Desde 2018, o ponto de encontro mensal é o Cemitério da vila, sempre às 7h30. A primeira parada – antes da caminhada (leve) que dura cerca de duas horas – detalha os aspectos únicos do território. A ambientação acontece em uma área com menos árvores, considerada brejo-altitude (fruto de desmatamento há anos), mas ainda com muitos tipos de pássaros – fixos ou de agem. 

A aventura dá vez também a um trabalho de contagem entre os biólogos do grupo, como forma de acompanhar a manutenção da vida, em fauna e flora, no local. Miguel Malta, 30 anos, idealizador da arinhada, destaca ao Diário que a iniciativa integra profissionais e curiosos, além da diversidade da região. “No local existem aves com uma densidade populacional muito baixa em São Paulo. Então o objetivo sempre foi expor o que temos para proteger nossa biodiversidade, a partir do momento em que vimos a movimentação de um porto seco (estação aduaneira do Interior) se instalar por aqui. A conscientização só funciona mesmo quando vários abraçam a causa”, comenta o andreense, que trabalha há mais de 15 anos na área e com a observação ambiental também em cidades vizinhas.Segundo ele, em um único dia, o grupo pode observar até mesmo 100 espécies. 

A recomendação ainda é que, no percurso a pé, os visitantes permaneçam unidos até para facilitar o desviar de veículos que atravessam o caminho de terra. Além disso, outro cuidado é com o estresse dos animais a partir da visitação no habitat natural. Para tanto e permitir os registros dos iradores, os organizadores do evento portam uma caixinha de som a fim de atrair pacientemente, uma de cada vez, espécies por meio da reprodução de cantos gravados anteriormente. “Uma ou duas tentativas são feitas, sem forçar. Prezamos também por muito silêncio quando os bichos se aproximam. E tem mais: entendemos que precisamos prezar por este respeito também com cobras, lagartos ou quaisquer vidas que cruzarem nosso caminho, porque a casa, no fim, é deles”, explica. 

ATRAÇÃO A TODOS 205w6j

Fátima Monaco, arquiteta e moradora de Santo André, 47 anos, contou ao Diário que sequer tem uma câmera fotográfica, mas que o projeto a cativou justamente como uma forma de atender à curiosidade pelo bioma onde mora. “Desde o começo do ano, tem me interessado a Biomimética (área que procura inspirar tecnologias e soluções na natureza). Vim pela segunda vez já. Só vi uma iniciativa assim, com a valorização principalmente nos arinhos, no Petar (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira)”, comenta.

Para ela, a beleza da arinhada está em demonstrar a todos a força de regeneração da natureza. “Isso prova a real soberania. A vida sempre cria condições de gerar mais vida. Em um espaço de centímetros, não fazemos ideia da quantidade de microbiomas que existem, por exemplo. Se eu pudesse escolher um ponto para que evoluíssemos, seria nos desprendermos desta soberba em relação à espécie humana”, comenta. 

O argentino Horácio Alberto Garcia marcou sua presença pela quinta vez entre o grupo. Apaixonado por fotografia, desde 1976, ele se considera um aventureiro no País, explorando trilhas locais após se estabelecer em Ribeirão Pires, quando se casou com uma brasileira. “Paranapiacaba é uma das poucas regiões menos deterioradas, tanto que quando chove, a gente (da arinhada) não consegue fazer o percurso a pé. Em 40 anos, vejo que o clima mudou muito, então acompanhar o grupo na mata é uma forma de valorizar e tentar preservar o que temos. Sou da opinião de que as cidades crescem mesmo, mas espero que esta vila possa continuar com esta identidade tão particular”, destaca. 

A oportunidade também é aproveitada para expandir o conhecimento exposto em sala de aula. O professor de Biologia Reinaldo Oliveira traz alunos, abriu o Instagram @roe_brasil para divulgar os registros, por uma perspectiva de macrofotografia (focada nos detalhes). “Sempre vou defender a arinhada, porque a gente entender que, publicar toda as fotos daqui, abre este conhecimento à ciência”, finaliza. 

<EM>É possível obter mais informações e saber a próxima data da arinhada em Paranapiacaba pelo WhatsApp (11) 96638-2773. 




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