Viral Titulo Entenda o caso
Quando o medo de engravidar pode ser diagnosticado como transtorno mental?

Psicóloga perinatal explica que a ideia de ter uma gestação causa tanto pânico e ansiedade em algumas mulheres, que chega a paralisar suas vidas

Da Redação
19/05/2025 | 16:00
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FOTO: Divulgação


Para algumas mulheres, o simples pensamento em uma gravidez pode desencadear crises de ansiedade, pânico ou até paralisar decisões importantes da vida. O nome disso é tocofobia: o medo intenso e persistente de engravidar ou de ar por um parto. A condição é reconhecida como um transtorno mental, mas ainda é pouco falada — e menos ainda diagnosticada.

Segundo a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, a tocofobia vai muito além do medo comum. “A tocofobia é um medo tão intenso que muitas mulheres nem conseguem cogitar uma gravidez, justamente porque sabem que isso implicaria ar por um parto”, explica.

Quando o medo paralisa a vida

Mulheres com tocofobia costumam evitar relações sexuais, desconfiar de métodos contraceptivos, tomar pílula do dia seguinte de forma recorrente ou até sofrer crises ao menor sinal de atraso menstrual. “A ansiedade pode ser tão alta que a mulher entra em sofrimento real. E isso afeta não só a gravidez, mas a vida como um todo”, afirma Rafaela.

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Ela destaca que, em casos mais graves, o parto normal pode se tornar um gatilho psicológico tão forte que há indicação médica para cesárea. “Se o obstetra insistir no parto normal, isso pode trazer complicações psicológicas para ela, inclusive no pós-parto. O psicólogo perinatal consegue discutir com esse profissional e indicar uma cesárea, quando necessário”. 

O que causa a tocofobia?

A origem do transtorno pode estar ligada a traumas anteriores, experiências negativas com partos, relatos familiares ou simplesmente ao medo da dor e das mudanças físicas e emocionais provocadas pela gestação. Para Rafaela, o problema muitas vezes é silencioso, pois muitas mulheres têm vergonha de assumir que não querem engravidar.

“Existe uma cobrança social. As pessoas acreditam que toda mulher vai se realizar sendo mãe. Então quem tem esse medo se sente errada ou em dívida com a sociedade”, explica.

É possível tratar?

Sim — e o primeiro o é reconhecer que o medo existe e não é frescura. “O problema não está na ansiedade leve ou moderada, mas na alta ansiedade. E isso precisa de intervenção especializada”, diz Rafaela.

O tratamento mais indicado é o acompanhamento com um psicólogo perinatal, profissional capacitado para lidar com transtornos emocionais relacionados à gestação, parto e pós-parto. “Psicólogos em geral nem sempre conhecem as particularidades desse período. Por isso, é importante procurar quem tem formação específica, para evitar que o quadro se agrave ou seja tratado de forma inadequada”.

A especialista também recomenda técnicas de respiração e relaxamento, práticas de autocuidado, alimentação equilibrada e redes de apoio seguras. 




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