A iniciativa do deputado federal Alex Manente (Cidadania) em articular a destinação de R$ 18,5 milhões de suas emendas parlamentares para programas de saúde mental no Grande ABC deve ser vista como oportunidade concreta de avanço em uma área historicamente negligenciada. As propostas de transformar os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) em complexos integrados de atendimento e de estabelecer prioridade no acolhimento às mães atípicas apontam caminhos estruturantes. No entanto, a viabilidade dessas ideias depende diretamente do compromisso dos prefeitos em reconhecer a gravidade da situação e mobilizarem-se para garantir o recebimento dos recursos e zelar para que sejam bem aplicados.

O Diário, que no domingo completa 67 anos de serviço ao Grande ABC, apresenta-se como avalista da proposta, preocupado que está com a fragilidade da retaguarda pública a quem sofre com transtornos mentais nas sete cidades. O enfrentamento da questão exige ação articulada entre diferentes esferas de poder, mas também depende da participação ativa da população. Cabe aos prefeitos não apenas aceitar os recursos, mas também abrir canais permanentes de diálogo com quem vive o problema diariamente. A transformação dos Caps e a criação de serviços voltados às mães atípicas só surtirão efeito se acompanhadas de políticas públicas construídas coletivamente, com metas definidas, avaliação constante e escuta ativa dos usuários.

Diante da chance de tornar a região um modelo nacional, como já foi discutido em reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é imprescindível que os sete prefeitos tratem essa agenda como prioridade – inclusive, se entenderem que é o caso, via Consórcio Intermunicipal. O que está em jogo é o futuro de milhares de famílias que enfrentam limitações severas de o à saúde mental. O momento pede liderança, empenho e articulação. O cuidado com quem sofre não pode continuar relegada ao improviso. Que os gestores das cidades do Grande ABC assumam o protagonismo que a realidade exige e mostrem, com ações concretas, que estão dispostos a construir uma rede sólida e humanizada de atenção psicossocial.