Parceria com PUC Campinas e ida a Portugal aproximarão vila ferroviária local da chancela
Paranapiacaba está na fila da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) para se tornar 1º patrimônio histórico mundial do Estado de São Paulo. Em busca de ser contemplada e, com o título, impulsionar a preservação e o turismo, a vila ferroviária inicia uma série de fóruns públicos para se adequar aos critérios exigidos e deve apresentar seus planos também no Fórum Internacional do Patrimônio Histórico Brasil-Portugal, entre 22 e 24 deste mês, em Aveiro.
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Em 2008, a área já havia sido declarada como Patrimônio da Humanidade mundial. Já a certificação histórica é visada desde 2014, quando entrou em uma lista indicativa na Unesco. Para isso, o primeiro o, segundo o subprefeito de Paranapiacaba e do Parque Andreense, Fabio Picarelli, é preparar um documento de plano de gestão, em parceria de cooperação com a PUC Campinas. “No arquivo precisamos detalhar não só os diferenciais da vila, mas pontos de atenção. Neste meio tempo, como estratégia, a gente quer consultar, no Fórum Internacional em Portugal, votos de conselheiros de outros países. O otimismo em geral é grande porque estaremos inserindo Paranapiacaba em um contexto mais amplo para avaliação, como coração da Rota do Café, por ser um berço ferroviário, na ligação de Campinas e Santos”, explica.
O primeiro fórum na vila voltado à iniciativa, segundo ele, também dá força ao plano. “As indicações, escuta e representação local são fundamentais para obtermos a conquista. Hoje, recebemos 53 membros da comunidade e a mobilização só crescerá”, estima.
O próximo encontro deve reunir grupo de trabalho no próximo dia 19 e para o fórum seguinte, em 23 de junho.
Hoje, a vila recebe de 5.000 a 10 mil turistas por fim de semana – volume recuperado a partir das revitalizações nos últimos anos, segundo Picarelli.
De acordo com Maria Cristina da Silva Schicchi, professora e especialista em patrimônio cultural da PUC Campinas, são dez os critérios estabelecidos pela Unesco para considerar um patrimônio histórico mundial, sendo o II e IV os principais para a vila. “Defenderemos aspecto arquitetônico e do paisagismo do local. Vim aqui pela primeira vez na década de 1980, quando ainda estudava arquitetura. Então, a atmosfera daqui é realmente diferente e argumentaremos que justamente estes arredores da Mata Atlântica e da ferrovia são potenciais para a conquista”, afirma.
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Atualmente, os títulos brasileiros se concentram em Minas Gerais e em áreas litorâneas. “Pode demorar, como levou 10 anos para Paraty. O desafio é que, apesar da importância regional e no País, isto seja encarado como um local significativo também ao mundo. O que nos fará continuar por tempo indeterminado foi até uma percepção que obtivemos em 2023, quando dois especialistas envolvidos com a obtenção do título no Chile vieram para cá turistar e nos questionaram ‘por que este local ainda não é um patrimônio da Unesco?’”, comentou a acadêmica.
No processo, um órgão consultivo da Unesco, o Icomos (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) deve dar a validação final. A decisão parte de assembleias da Unesco e averiguações in loco. “Por dois anos, vejo que temos uma vantagem: o vice-presidente do órgão é brasileiro, o que pode trazer um olhar mais profundo à causa”, defende a especialista.
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