A parceria firmada entre a Prefeitura de Mauá e algumas unidades do Rotary Club, com investimento de R$ 1,5 milhão para o Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, é auspiciosa. A ação visa modernizar o centro cirúrgico do equipamento de saúde, que há décadas cumpre papel regional e, por isso, carece de atenção contínua. O programa Abrace o Nardini, lançado pelos clubes da região, também representa avanço ao buscar consolidar uma rede de apoio permanente. A mobilização da sociedade civil, aliada à atuação do poder público municipal, sinaliza compromisso com a melhoria da estrutura hospitalar e com a oferta de serviços que atendem a milhares de pessoas anualmente.

Entretanto, é necessário que outras esferas de governo assumam responsabilidades proporcionais ao alcance do Nardini. Embora o hospital esteja instalado em Mauá, e seja custeado em grande parte pela Prefeitura, os dados de atendimento revelam que a estrutura beneficia também moradores de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e até de municípios do Alto Tietê, como Suzano. Soma-se a isso o socorro a acidentados em vias estaduais, como a Índio Tibiriçá e o Rodoanel Mário Covas. Com custo mensal de R$ 12 milhões, e recebendo apenas R$ 1,5 milhão em rees do governo estadual, o município se vê diante de equação desigual, que compromete a sustentabilidade da operação a longo prazo.

Estado e União devem reconhecer o papel estratégico do Nardini e reforcar sua contribuição financeira para o custeio do hospital. O governo federal, especialmente, precisa ampliar sua participação no complexo, hoje restrita aos rees do SUS (Sistema Único de Saúde). A qualidade dos serviços, já reconhecida por selos de excelência internacionais conquistados pelo equipamento, deve ser acompanhada de garantias materiais que sustentem a continuidade e a expansão do atendimento. O modelo de cooperação com entidades da sociedade civil, como o Rotary Club, é positivo e deve ser valorizado, mas não pode substituir a responsabilidade das instâncias governamentais superiores.

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